RIO – O cigarro é o maior motivo de morte por câncer nos EUA. De acordo com um estudo da Sociedade Americana de Câncer, publicado no periódico científico “JAMA Internal Medicine”, o hábito de fumar pode ser culpado por 27,6% dos 167.133 óbitos causados pela doença ao longo de 2014.

Os autores da pesquisa ainda alertam que os dados para óbitos relacionados ao fumo são subestimados, não apenas pela subnotificação das informações utilizadas: incluem apenas adultos com mais de 35 anos; consideram apenas 12 tipos de câncer; e, finalmente, não englobam o fumo passivo.

A estimativa é que, hoje, existam 40 milhões de fumantes adultos ativos nos Estados Unidos. Os autores apontam que o uso do cigarro permanece sendo a maior causa evitável para mortes por câncer e outras doenças.

Das mortes consideradas, 103.609 ocorreram entre homens (62%) e 63.524 (38%) entre mulheres. Segundo os pesquisadores, a diferença de gênero acontece pela prevalência do fumo entre homens nas gerações mais velhas — o que pode diminuir com o passar das gerações, refletindo dados recentes que mostram uma paridade no uso.

A proporção dos óbitos por câncer atribuídos ao fumo variou de acordo com o estado, mas aqueles no Sul do país se destacaram, chegando a 40% entre os homens em alguns deles. No gênero masculino, 9 dos 10 estados com mais mortes eram do Sul e, entre as mulheres, 6 entre 10. A pesquisa aponta a prevalência histórica do tabagismo na região, e que hoje se associa a políticas de controle do cigarro mais fracas, além de um perfil socioenômico mais baixo — que se relaciona ao uso mais frequente.

Nacionalmente, negros não-hispânicos tiveram a maior incidência de morte por câncer atribuída ao cigarro (27,2%), seguidos de brancos não-hispânicos (26%) e hispânicos (19,8%).

Na conclusão do estudo, a equipe de cientistas recomenda um fortalecimento no controle do tabaco pelo governo como forma de reduzir as mortes por câncer em todos os estados.

A pesquisa, liderada pela doutora Joannie Lortet-Tieulent, usou dados estaduais, além do Distrito de Columbia (onde fica a capital federal, Washington D.C), sobretudo a partir do Sistema de Monitoramento de Fatores de Risco.

Fonte: O Globo 25/10/2016